Sempre que acontece de eu me deparar com um violão na mesa do happy hour, a música é, praticamente, o tema principal, senão o singular do dia.
Porém, diferente de outras pessoas que curtem um violão e uma boa música, eu costumo, dependendo da próxima música, contar alguma história ou estória relacionada à letra. Muitas são consideradas lendas e outras foram contadas pelo próprio autor, parceiro ou por algum familiar que ao ouvir a música imediatamente a relacionou a um caso familiar relacionada ao compositor.
Paulinho Pedra Azul, por exemplo, riu quando lhe perguntaram se a música Jardim da Fantasia foi feita realmente para sua noiva falecida, por conta dos versos:
"Onde estás?
Voei por este céu azul
Andei estradas do além
Onde estará meu bem?
Onde estás?
Nas nuvens ou na insensatez
Me beije só mais uma vez
Depois volte pra lá"
É... esse "pra lá" do último verso é que fez a criatividade dos fãs a achar que "seria o Céu?".
Sabe-se bem que a música O Mundo é um moinho, foi composta por Cartola sobre uma conversa que o mesmo teria tido com uma filha que estava disposta a sair de casa, segundo comentários, para se prostituir (sei lá! Podia ser para simplesmente libertar-se, morar sozinha). Porém, os versos
"Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és"
e
"Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés"
simplesmente insinuam que ela estava saindo de casa realmente para se prostituir.
Outro caso interessante é o da música Flor de Lis de Djavan. Segundo conta, ele teria escrito essa canção para uma filha que não nasceu viva ou foi vítima de aborto involuntário.
Bom, Flor de Lis, segundo significado, trata-se de um lírio que representa a pureza. Então já tem um pouco de relação com uma criança. E os versos
"Será talvez
Que minha ilusão
Foi dar meu coração
Com toda força
Pra essa moça
Me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz
De uma flor de lis
E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira, poeira
Morto na beleza fria de Maria
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu"
diriam que sua filha que se chamaria Margarida estava morta na beleza fria de Maria, sua esposa.
E nos versos da canção "Gostava Tanto de Você" de Tim Maia estariam as tristezas e saudades do autor pela filha falecida? Os versos
"Não sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus não pude dar..."
sugerem que ele sequer pôde dar adeus por não estar presente, sei lá!
Bom. As músicas são feitas para nos inspirar, alegrar ou fazer lembrar momentos bons ou ruins. Porém eu gosto sempre de incluir em meus repertórios os versos de
"Cantar, quase sempre me faz recordar, sem querer
Um beijo, um sorriso, uma outra ventura qualquer
Cantando ao compasso do meu violão
É que mando depressa ir embora
A saudade que mora no meu coração"
Muito boa idéia!!!! Continue... será gratificante ler os seus comentários musicais.
ResponderExcluirObrigado Zeno.
ExcluirVou procurar escolher sempre temas como esse. Interessantes, mas pouco conhecidos pelo público.
Abraço
Show,gostei Ernesto.Sugiro um apanhado sobre as letras das musicas do Belchor.
ResponderExcluirObrigado amigo! Vou catar nos meus apanhados coisas também do pessoal aqui do Ceará. Inclusive tenho a história de Mucuripe do Belchior e Fagner, quase Belchior e Ednardo (hahahaha)
ExcluirExcelente texto, tio. Interessante notar como os versos remetem a um mesmo tema, universal, mas transmitem além do estilo pessoal do autor um sentimento comum e que atinge a qualquer um com mais sensibilidade a poesia da música. Ótimo apanhado, irei procurar conhecer melhor as músicas citadas.
ResponderExcluirObrigado sobrinho. É isso mesmo, e existem muitos casos, não só de compositores brasileiros, mas no mundo todo.
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